segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Alma

No dia 24 deste mês roubaram meu carro, como comentei no último post. No dia 26, ao sair de um curso de finanças, tive uma arma apontada para mim e escutei: ‘’Iço é um asçalto, paça a moxila mano’’. Pensei: ‘’todo meu trabalho está ali dentro, tudo que fiz até agora na AIESEC; minhas fotos da Malásia, não!’’. Quando fui reagir, no último segundo, lembrei de meus pais e somente passei o objeto desejado para o bandido. Laptop, dois celulares, três livros, um fone, cartão de crédito, CNH e a chave do meu ex-veículo (não sei porque estava lá) se foram. Em 3 dias, meus maiores bens materiais evaporaram. Novamente não vou fazer pensamentos negativos ou ‘’gorar’’ o ladrão, não vai adiantar nada, em 2 anos no máximo ele será morto em um tiroteio ou atropelado por um Crossfox preto ao tentar fugir de um novo assalto.

Por “increça que parível’’, em momento algum meu coração disparou, fiquei tranquilo na hora do assalto. Medo? Eu não tive. Quem teve foram os dois policiais que estavam numa guarita a poucos metros de onde ocorreu o crime. Dois minutos após informá-los sobre o assalto, a 200 metros vi o bandido com minha mochila atravessando a rua tranquilamente, apontei para os policias e sai correndo na direção do ‘’mano’’, olhei para trás e...estava sozinho. Abismado falei novamente aos defensores da população: ‘’ELE ESTÁ ALI! A-QUE-LE CA-RA ES-TÁ COM MI-NHA MO-CHI-LA!’’.

Escutei:

- Não posso sair daqui.

- Mas vocês estão em dois – disse.

- Também não posso deixar aqui vazio – o outro afirmou.

Fracos e burros. Se eles eram 2, se um fosse nada ficaria vazio. Mas, eu entendo. Para quê arriscar a vida por uma mochila? E acho que ficar na guarita é o ápice da carreira deles. Não tem motivo para perder isso. Enfim, foi uma semana daquelas, para ficar na história. Agora sim!Posso dizer que vivo em São Paulo. ‘’Seja bem-vindo Gustavo’’.

Pode ser que forças negativas estejam tentando me prejudicar, em um momento tão importante de minha vida e carreira. Vou chamá-las de Murphy.

Pobre Murphy, tão inocente. Quis me prejudicar e só me deu mais força. Falhou. Obrigado!! Eeeee \o/

Pode tirar meus bens de locomoção, de comunicação, de trabalho. Tire minha vestimenta se quiser. Mas jamais conseguirá tirar a minha essência. Meus valores, minha família, meus amigos, a educação que recebi e o amor pela vida permanecem e sempre estarão intactos dentro de mim. Minha verdadeira matéria é minha alma, alimentada por meus sonhos e pela satisfação em fazer de minhas ações fonte de desenvolvimento para outras pessoas.

A luta continua e é infinita. Assim como minha felicidade.


Um último detalhe: escolheu a semana errada para agir, Murphy. Sexta teve show do ACDC. Pra vida toda!




quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Chegou a hora.

Hoje recebi uma notícia não muito agradável: meu carro foi roubado. Em frente a minha casa. O carro todo, nem as marcas de pneu ficaram pra trás. Junto com ele, meus CDs sertanejos, GPS, óculos escuro, algumas moedas, uma toalha suja e o controle do portão do meu prédio em Poços de Caldas. Achei propício o momento para voltar a escrever. Estou puto. Mas isso não irá mudar nada. Então, vida que segue. Escrever me acalmará. Não irei falar mal do bandido, a vida dele já deve ser uma desgraça, um pensamento negativo a mais não vai piorar muita coisa e meu intuito nem é esse.

Prefiro atualizá-los sobre alguns fatos que ocorreram nos últimos dias, um deles em especial tem o poder de definir os rumos de minha vida.

No dia 13 de novembro fui para Caraguatatuba (litoral norte de São Paulo), comemorar o aniversário de 70 anos de minha avó. Além da felicidade por reencontrar alguns familiares, passei um final de semana muito agradável em um dos meus lugares preferidos. No condomínio onde Dona Alzira reside tem uma cachoeira, diferente de todas as outras que já visitei, responsável por me instigar toda vez e proporcionar sentimentos inexplicáveis. Sei que, quando estou lá, sinto-me forte, energizado – momento propício para refletir sobre a vida e agradecer por tudo e todos que compõem minha essência. Dessa vez, tentei captar a energia da natureza através de minhas mãos, colocando-as em contato com a parte mais densa daquela queda de água. Mãos estas, que marcaram os melhores momentos da minha vida: apertos de mão para pessoas respeitadas; abraços em pessoas amadas; ao concretizarem várias defesas na minha época de goleiro – em seguida, utilizava-as para bater no meu peito como sinal de força e satisfação pelo dever cumprido; mãos que se cruzaram com outras (de namoradas especiais que tive); mãos que são compostas pelos dedos que já enxugaram muitas lágrimas, minhas ou não; mãos que me permitem escrever e que até pouco tempo atrás controlavam meu carro.

Foram essas mãos que escreveram minha postulação (todo conteúdo fornecido pela mente obviamente) e consolidaram o primeiro passo para o grande desafio da minha vida: candidatar-me à Presidência da AIESEC no Brasil. Gustavo, para que falar das mãos? Boa pergunta. Acredito que o que me levou a escrever isso foi o impacto daquela singela experiência na cachoeira. Algo único e novo para mim. Por estar sozinho, pude vivenciar e perceber somente aquele acontecimento. Esqueci de tudo, presenciei apenas o ‘’Agora’’, valorizei pequenas coisas, como nunca havia feito. E ao fazer isso, resgatei emoções, lembranças e aprendizados que tive durante minha passagem na Terra até então. Passei a enxergar problemas como desafios, se eu não resolvê-los ninguém fará isso por mim e solucioná-los é uma oportunidade de desenvolvimento. Para quê me estressar? Ganhar alguns cabelos brancos e perder a paciência não me levará a lugar nenhum, de um jeito ou de outro terei que mudar a situação. Aceite isso, corra atrás!

Sofrimento só me faz perder tempo. ‘’Ah, então agora o doutor não sofre mais!Bonzão!’’. Não é bem assim, mas não é muito complexo. Tudo que se planta um dia se colhe. Eu sei que você já escutou e falou isso várias vezes, mas estudou a profundidade da frase? Sofrer é resultado daquilo que geramos para nós mesmos ou resultado do destino, da vida por si só. Se remoer não mudará nada. Agora, tentar aprender com o que aconteceu, ai sim alguma evolução poderá ser percebida. O passado nos ensina e o futuro nos espera. Sempre ficamos incomodados com o que já foi ou preocupados demais com o que irá acontecer. Quando algo sai do planejado, fraquejamos. Tudo porque não enxergamos o aprendizado nas dificuldades, derrotas e quebras de expectativas. Apenas nos deixamos sofrer. Viva dia após dia, sabendo que suas ações agora moldarão seus próximos anos, ciente que o que acontece hoje é um desafio que a vida te propõe, aproveite e se fortaleça. Agora é seu momento, não foi ontem, nem será amanhã.

Agora. Nada além.

E por toda essa reflexão me senti preparado para tentar assumir uma organização de mais de 2.300 membros, representar um dos melhores países dentre os 107 onde a AIESEC está presente, contribuir com o desenvolvimento de pessoas – algo que move minha vida, fazer a diferença através de meu trabalho e lutar por um mundo melhor. Sonhador? Se eu não buscar isso agora, ninguém fará por mim.

Se cuidem.

Beijos e abraços.