quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Lago Hovsgol

Buenas buenas caros leitores. Como estão?

Antes de começar. Fica a dica: blog de minha querida amiga Beca, que está no Egito vivenciando o Ramadan e muito mais.

Mais uma aventurinha para dividir com vocês. Final de semana passado fiz uma viagem que, indubitavelmente, ficará marcada para o resto da vida. O texto é longo, mas juro que vale a pena ler. Além de conferir os vídeos e fotos.

Dia 2 de setembro, dois jovens nomeados Gustavo (vulgo eu) e Pago (da República Tcheca) saem em direção a estação rodoviária de Ulaanbaatar, a capital da Mongólia (eu sei que você já sabe isso, mas é pra dar ênfase na CAPITAL). Às 13:50 chegamos no local.

A rodoviária. Da Capital!
Repentinamente fomos cercados por uma série de mongóis, um empurrando o outro, mas todos dizendo a mesma coisa: Hovsgol, Hovsgol! Queriam clientes. Mas como não sou bobo e sei que os nativos sempre tentam tirar uma graninha a mais dos estrangeiros (nada incomum para muitos países), já havia comprado as passagens de maneira segura. Ao mesmo tempo em que as tirava da mochila, usava meu mongol avançado e dizia: “Ugui, ugui” (significado: não). Com os bilhetes em mãos mostrei a eles que eu já tinha um “belo” ônibus me esperando. Eis que, um dos moçoilos arrancou os papéis de minha mão, deu uma lida e apontou para uma Coisa. Pensei: “Não é possível! Eu não gastei meu dinheiro para viajar nisso! Vamos procurar nosso ônibus!”.

"Nisso"
Sonho meu! Um casal de franceses que estava lá confirmou que aquele seria nosso meio de transporte. Ok! Sem problemas! Aventura! A graça da vida! E aqui, começa a história. Calor infernal e pontualmente após duas horas de atraso deixamos UB em direção a “Moron”, onde deveríamos pegar alguma carona ou van até Hovsgol. Moron está localizada a 673 km da capital. Portanto, a viagem prometia ser longa. Lembrei que antes de chegar aqui, li no Wikipedia que os motoristas se perdem no meio da estrada algumas vezes. Comecei a viagem me perguntando: “Como que pode se perder na estrada? Hahaha jamais!”. Bastou algumas horas de viagem para começar a me perguntar: “Que jeito que o cara não se perde aqui?”. NÃO EXISTE ESTRADA NA MONGÓLIA! O que temos aqui é uma porção de buracos intercalados entre terra e grama. Sério! Asfalto? 5% da viagem. De noite, iluminação zero. Breu! Sinalização? Nenhuma! Nem uma mísera placa. No vídeo abaixo, filmei um pouco da “parada” para ir ao banheiro, veja a estrada e a escuridão.


Parada para refeição. Cardápio em mongol. Como escolher o prato?
Olha o preço, aponta e reza. Deu certo!
Trecho bom da "estrada" 
Fora a parte externa do busão, o que mais chamou a atenção foram as condições internas. O atraso de 2 horas não foi por acaso. O motivo “plausível” foi que o motorista queria o máximo de passageiros no ônibus. Entenda máximo como além da capacidade. Resultado: todos os lugares ocupados (cerca de 40), malas em todos os cantos (TODOS) e pessoas no corredor (deitadas/sentadas nas malas). Além disso, comida daqui, comida dali, cheiro delícia! Quer mais? Terminei a viagem com dois joelhos inchados. Minhas pernas não cabiam no pequeno assento – viagem inteira com eles batendo na poltrona da frente. Pernas imóveis. Sem exagero, não tinha como mexer. Embaixo era mala, de um lado uma pessoa, do outro outra. Bebê chorando, um roncador profissional, um bêbado cantor, um tossindo na minha nuca e chacoalha ônibus! E não pára! Foi um terremoto intenso. Pior foi quando resolveram soltar “aquele”. Inhaca!

Ao lado dá para notar o corredor com gente. 
Tenso. Para terminar: 19 horas de ônibus até Moron. Depois, mais 3 de Van até Hovsgol. Total de cada trecho: 22 horas. Abaixo o vídeo do bêbado cantor:


Só a viagem em si, tanto a ida quanto a volta, foram memoráveis. Não tenho dúvidas de que aqueles foram os momentos de maior desconforto físico-mental da minha vida. Mas no final valeu a pena demais. Por quê? Primeiro porque aquilo é a realidade do povo nômade da Mongólia – locomoção precária, condições de vida básica. Segundo porque toda aquela situação me fez perceber que eu estou aqui. E isso gerou muita alegria. Durante as viagens foram no mínimo 3 vezes percebendo os detalhes e tendo ataque de riso. Sabe daqueles que você tem que colocar um pano na boca para não incomodar? Até saiu lágrimas de tão engraçado o cenário que tudo aquilo formou.

Enfim, chegamos a Hovsgol: o maior lago da Mongólia (norte do país) e um dos mais limpos do mundo! Segundo nativos, cerca de 2% da água “bebível” do mundo se encontra ali. E não demorou muito para entender o comentário. Hora das fotos escreverem para mim:

Primeira paisagem de Hovsgol.
Água limpinha. 
Né mesmo? 
Minha companheira.
Caminhamos cerca de 6 horas para achar um lugar bacana para acampar.
No caminho...
o infinito da natureza...
paisagens deslumbrantes.
Perceba as diferentes cores da água. Eram 4.
Contando com a "marrom" após a chuva. 
Está esperando o que para viajar? Vem para Mongólia!
Bonito, não? Achei que já tinha visto toda a magnificência do local. Daí, a noite chegou. Infelizmente a máquina não deu conta de solidificar o que eu estava vendo. Olhando para o céu, senti-me fora do Planeta (não que eu saiba como seja), mas poder ver a mistura do silêncio e a escuridão banhada pelas estrelas foi qualquer coisa de extraordinário. Fiquei cerca de uma hora e meia, deitado na grama, aquecido pela fogueira, observando aquela imensidão. Nem uma nuvem para atrapalhar. Estrelas cadentes? Perdi a conta de quantas vi (nunca tinha visto uma). Satélites? Não sabia que era possível vê-los com tanta clareza! Para completar, ao fundo das montanhas, uma tempestade (que depois chegou para gente) – raios, trovões. Flashes que ficarão na memória.
Foram apenas dois dias e meio ao lado daquele lago. Grandiosos. Libertadores. E frios! Temperatura estava em torno de 0 (deu pra ver nas fotos né?).

Fim.

Ou não! Você acha mesmo que eu ia visitar um dos lagos mais limpos do mundo e não entrar na água? Quase congelei, mas o fiz. Veja o vídeo com os momentos de aquecimento, entrada e pós-aquecimento:


Na volta, quase perdemos o ônibus. Foi difícil achar transporte para Moron. Quando achamos um táxi, demorou 4 horas 30 a viagem de 100 km. Faça as contas. E dá-lhe buraco. Chegamos 2 horas e 15 minutos após o horário marcado para a saída (vingança). Adivinhem? Estavam esperando agente! Putos! Mas estavam lá. =)

Encerrando, outras fotos com mais detalhes da viagem.

Cidade de Moron. Eles não gostam de asfalto. 14 mil habitantes. 
?
Estão por toda a parte.
Yak, animal típico do país. Deu um sustinho em mim quando pulou a cerca.
Buddy. Achou agente no início de sábado e só largou no domingo de tarde.
Quase chorei na despedida, ele correu atrás do táxi um tempão =/ 
Pago, grande parceiro de aventura. 
Beijos e abraços. Até a próxima. 

Mais fotos em: Orkut Facebook

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9 comentários:

  1. Chorei de rir com o video do mergulho no lago!! Principalmente com a foto da Dilma!
    uiahauihaiuaa

    Só vc mesmo... Demais!

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  2. boa, garoto! orgulhoso de vc hein! se cuida

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  3. cara, realmente muito engraçado de ler, mas não sei se é muito legal neh?
    uhhuahuahuah
    estou acompanhando seu blog
    um abraço
    Daniel Thomás

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  4. boninha!

    you are rock and roll!

    beijos
    Giuzoca

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  5. auehauheuae shooow bona!! E que cabelo é esse hein? ta chegando a hora de enfrentar o primeiro corte de cabelo no intercambio! No meu blog tem um post la no inicio que falo sobre a primeira aventura aqui. Realmente é uma aventura cortar o cabelo nessas andanças ajeaheuahueauhea. abraaaço meu velho!

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  6. Muito bom o post! Haja coragem pra entrar nessa água! Mas a viagem é que foi realmente algo sobre-humano rapaz, o pior é tomar fôlego pra volta!

    Sucesso aí, um abraço

    Lubi

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  7. Bona!!!!
    vc é louco msm de entrar nessa água, hein... hehehe
    e essa viagem de onibus???? vinte e tantas hrs.. tem q querer muito ir viajar... os busões da américa latina ficaram ótimos perto desse ai..
    bjos
    Carol Dorte

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  8. AUHEUAEHUAHEUEA

    O Segredo para não adoecer e se aquecer logo que sair da água! Sensacional. ^^

    Abração!

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  9. Cara, ANIMAL esse post e a viagem! Eu não consigo ver os vídeos pq minha internet é uma merda! Mas bota massa as fotos e o lugar!!! Essas viagens assim são sempre as que valem a pena num intercâmbio desses.

    Grande abraço!!!

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